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Antonio Manuel, 1972

 [texto publicado no catálogo da exposição individual de Ascânio MMM na Galeria Grupo B no Rio de Janeiro, em 1972]

Posso imaginar numa floresta a derrubada de árvores, e tenho que sair correndo para que o tronco não caia na minha cabeça. Ao primeiro berro MADEIRA MADEIRA MAD é correr para não morrer. A porrada é firme: violenta e mortal. Acompanhai Ascânio MMM que nada acontecerá. “Se puder ter um Ascânio, mais proteção” (extraído do para-choque do caminhão da Scania Vabis). MADEIRA À VISTA: sai de baixo que a porrada é: FIRME e VIOLENTA e MORTAL.

Lembro do sentido de vida que se queria dar ao atelier na Tijuca – nenhuma interferência. Fomos convidados a sair (foi uma pena) era uma casa maravilhosa e havia condições de trabalho.

É assim. É assim mesmo. Eles estão velhos e morrem à primeira derrubada da madeira – a primeira porrada do trabalho. Eles estão mortos e o mundo é nosso. Não resta dúvida. Apenas algo aparente nos faz pensar em limites. Isso não nos amedronta. Podem nos fazer tristes, mas por pouco tempo. Se alguém está triste há muito tempo: é porque não nos descobriu.

PROCURA-SE – PROCURE-NOS

Somos quem experimenta o novo e como tal – a audácia de mostrar esse novo como busca profunda de sentido de liberdade.

Somos insaciáveis consumidores do vivido.

 

Até logo,

Antonio Manuel.

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